Recolhimento do Carmo de Cuba

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/ADBJA/CCRCBA
Title type
original
Date range
1607 Date is certain to 1889 Date is certain
Dimension and support
11 liv.; 6 mç., 3 cad
Extents
11 Livros
6 Maços
Biography or history
Na obra "O concelho de Cuba - subsídios para o seu inventário artístico", Emília Salvado Borges descreve os prinicpais momentos da história, que agora citamos: "“Foram seus fundadores Pedro Fialho e sua mulher Maria Lopes, Irmãos de Nossa Senhora do Carmo, cuja imagem mandaram fazer, em Lisboa, por volta de 1650.

A imagem foi colocada na Matriz até que, desejando os fundadores que tivesse igreja própria e fosse sua única herdeira, já que não tinham filhos, fizeram petição ao Arcebispo de Évora para que autorizasse a construção de uma capela. A autorização foi dada em 29 de Julho de 1652.

Foi lançada a primeira pedra e trazida em procissão até ao local, em 8 de Setembro do mesmo ano: no primeiro andor, transportado pelos párocos de Cuba, Vila de Frades, Vidigueira e Vila Ruiva, ia a nova pedra que se ia lançar; no segundo andor ia Nº Sª do Carmo, levada por quatro

Irmãos Terceiros; à frente, seguiam as confrarias com os seus guiões. A procissão deu a volta pelas ruas principais e chegando ao local onde se havia de colocar fez-se a benção com ladainha, de acordo com o preceituado no ritual romano1. Iniciava-se assim a construção do novo templo que ocupava apenas o espaço da actual capela-mor da igreja. A obra achava-se terminada em 16 de Julho de 1654, data em que a imagem da padroeira foi trazida da Matriz, em procissão, e colocada na sua nova capela.

Resolveram, então, os fundadores doar-lhe todos os seus bens e fundar também um convento de religiosos que seriam, perpetuamente, os capelães da nova igreja. Consta, porém, que Maria Lopes teve um sonho em que lhe foi dito que seria maior serviço de Deus se fundasse um Recolhimento de mulheres, e assim resolveu fazer. A nova de que iria abrir este Recolhimento correu pelo Reino e, no dia 21 de Abril de 1657, chegaram a Cuba as primeiras seis beatas da Penitência da Terceira Ordem do Carmo, idas de Lisboa: Maria do Vencimento, Mariana do Sacramento, Maria de São José, Andreza das Chagas, Sebastiana da Cruz e Margarida de Jesus.

A travessia do Tejo foi, aliás, atribulada, tendo a instituidora sentido nessa mesma hora grande inquietação. Tendo o marido perguntado o que tinha, Maria Lopes lhe terá respondido que estavam suas filhas com grande perigo no mar.

À data, a igreja que, entretanto, fora ampliada, não estava ainda concluída, vindo a concluir-se durante esse ano. A escritura de doação foi feita em 31 de Outubro de 1657: os fundadores doavam às Recolhidas, para além da igreja e da imagem de Nossa Senhora do Carmo, uma morada de casas e terrenos anexos e outra morada de casas contíguas à igreja com a sua cerca, reservando apenas a quantia de dez mil réis para legado de suas almas e o direito de proporem a entrada para a comunidade de uma sobrinha ou parente, sem que lhes fosse exigido qualquer dote. O convento estendeu-se posteriormente para estas casas anexas.

Maria Lopes morreu em 29 de Dezembro de 1659 e seu marido, Pedro Fialho, em 18 de Dezembro do ano seguinte, tendo sido sepultados na capela-mor da igreja deste Recolhimento.

(…)

Em 24 de Abril de 1669, passou por Cuba o Doutor José da Costa Pimenta, deão da Sé de Portalegre e desembargador da Relação de Évora, Promotor e Inquisidor, que se interessou pelo Recolhimento a ponto de mandar fazer, à sua custa, em 1682, obras de beneficiação, mandando construir o dormitório, a portaria, o claustro, a cozinha e o pátio. Por sua morte

(Fevereiro de 1702), legou ao Recolhimento alguns objectos de prata (uma custódia, dois cálices, uma naveta, um turibulo, dois castiçais, um prato e gomil) e a herdade do Corvo.

(…)

Outras obras foram realizadas pelas recolhidas e depois mandadas desfazer pelo visitador ordinário da arquidiocese de Évora durante a grave contenda que se desenrolou, pelos anos de 1734 a 1739, entre as religiosas do Recolhimento do Carmo de Cuba e o Cabido de Évora, devido ao facto de aquelas não quererem subordinar-se à autoridade do arcebispo de Évora, reconhecendo apenas a autoridade do provincial carmelita.

Recusavam-se, por isso, a autorizar a entrada do visitador ordinário, no que eram apoiadas pelo frade carmelita Frei António de Santo Elias Baracho.

Depois de um complicado processo, submeteram-se à autoridade eclesiástica, tendo-se, finalmente, realizado a visita, que deveria ter sido realizada em 1734, no dia 31 de Maio de 1739”



Após a extinção das ordens religiosas, o imóvel secularizado é transformado em Hospital Civil, e entregue à administração da Santa Casa da Misericórdia, que o geriu até 1975, ano em que transitou por lei para os Serviços de Saúde.

Custodial history
Em 1988, a documentação, que se encontrava na Direção de Finanças, Repartição da Tesouraria do Distrito de Beja foi incorporada no Arquivo Distrital de Beja.

A documentação foi sujeita a tratamento arquivístico, no início da década de 1990. O grupo de Arquivos Eclesiásticos encontrava-se dividido por cinco Grupos de Fundos. Cada um deles é composto pelos fundos conventuais, neles se incluem toda a documentação proveniente do respectivo cartório, aquando da sua extinção em 1834. O Grupo de fundos foi organizado por Ordens Religiosas e ordenados alfabeticamente.

No ano de 2012, no âmbito do regulamento do Concurso: “Recuperação, Tratamento e Organização de Acervos Documentais 2012”, promovido e patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o Arquivo Distrital de Beja, apresentou a candidatura: “Projeto – Ordens Monástico-Conventuais no Baixo – Alentejo, 1415-1911”, processo n.º 123075, tendo a mesma sido aprovada. Esta candidatura possibilitou a mais recente intervenção arquivística possibilitando a descrição e digitalização.

Acquisition information
Incorporação proveniente da Direção de Finanças, Repartição da Tesouraria do Distrito de Beja em 1988.
Scope and content
Escrituras, treslados de testamento e sentenças, receita e despesa.
Arrangement
Organização em séries documentais correspondendo à tipologia formal dos actos.
Access restrictions
Comunicável, salvo os originais em mau estado de conservação.
Conditions governing use
Reprodução sujeita a restrições atendendo ao número, tipo de documento, estado de conservação e existência de cópia em formato digital. Sujeito à tabela emolumentar em vigor.
Other finding aid
ARQUIVO DISTRITAL DE BEJA - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Beja: ADBJA, 2013- . Disponível no Sítio Web e no Portal português de Arquivos. Em actualização permanente.



INSTITUTO DOS ARQUIVOS NACIONAIS/TORRE DO TOMBO - "Ordens monástico-conventuais: inventário: Ordem de São Bento, Ordem do Carmo, Ordem dos Carmelitas Descalços, Ordem dos Frades Menores, Ordem da Conceição de Maria." Coord. José Mattoso, Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha. Lisboa: IAN/TT, 2002. XIX, 438 p. ISBN 972-8107-63-3.



Inventário artístico de Portugal : Distrito de Beja. Lisboa : Academia Nacional de Belas Artes, 1992. 2 vol : il ; 30 cm



Goes, Manuel Lourenço Casteleiro de, 1945- Beja : XX séculos de história de uma cidade / Casteleiro de Goes. - Beja : Câmara Municipal de Beja, 1999. - Vol. 2

Related material
Portugal, Arquivo Nacional Torre do Tombo.



Portugal, Arquivo Distrital de Beja, Direção de Finanças, Repartição da Tesouraria do Distrito de Beja.



Portugal, Biblioteca Nacional de Lisboa.



Portugal, Biblioteca Pública de Évora.

Creation date
19/02/2009 00:00:00
Last modification
23/01/2024 17:41:40