Convento de Nossa Senhora da Piedade de Messejana

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/ADBJA/CSPAJT
Title type
Atribuído
Date range
1566 Date is uncertain to 1834 Date is uncertain
Dimension and support
9 liv; 2 mç.; 1 perg.
Biography or history
A autora Maria da Graça Dias no artigo "os franciscanos de Messejana, pregadores no campo de Ourique", artigo publicado na revista Vipasca no ano de 1999, descreve com promenor a função e história do Convento e que passamos a citar: “O Convento de Nossa Senhora da Piedade da Ordem de S. Francisco, da Seráfica Observância dos Algarves, localizado nos arredores da Vila de Messejana, foi fundado em 1566. Não se pode, no entanto, deixar de se estabelecer uma relação entre esta fundação e uma referência do notário messejanense, Francisco Soares Victor. Ai afirma que a Igreja do Espirito Santo, edifício já desaparecido, mas que se localizava na esquina da actual rua do Espirito Santo com a antiga Travessa do Hospital, do mesmo nome, e fronteira à actual R. Nova da

Palma, havia sido a primitiva sede da Ordem Terceira (…) Apenas se sabe que, nos inícios do século XVI, mais precisamente em 1510, a Igreja do Santo Espirito da Vila de Messejana já era documentada, sob o nome de Casa do Santo Espirito. (…)

Pode, ainda, colocar-se a hipótese de que no anterior local do Convento de Nossa Senhora da Piedade, de Messejana, tenha existido uma capela ou eremitério e que os Frades Terceiros aí tenham vivido, igualmente. Além disso os Terceiros encontravam-se juridicamente submetidos aos frades menores, tendo o Papa, Pio V, em 1568, através da Bula "Ea est officir” sujeitado os terceiros Regulares ao governo da Observância. Devido a este contexto histórico religioso não parecerá estranha a implantação de um Convento de Frades da Regular

Observância, em Messejana, local onde os Terceiros já se encontravam anteriormente.

(…) Em 1566 é fundado o Convento de Nossa Senhora da Piedade, da Ordem de S. Francisco da Seráfica Observância dos Algarves, nos arredores da Vila de Messejana. Estes frades recoleítos propunham-se à mais estreita observância da regra seráfica, a "strictioris observantiae", devendo observar o retiro e o recolhimento.

A fundação deste convento encontra-se envolta numa lenda. Esta relata que estando D. Lourenço da Silva, Fidalgo do Concelho do reí D. Sebastião, primeiro Regedor das Justiças dos Reinos de Portugal e dos da sua linhagem, Comendador da Igreja da Vila de Messejana e fundador da Igreja da Misericórdia dessa vila, ou em alternativa um filho seu, prisioneiro dos mouros, ocorreu uma situação que deu origem à concessão do terreno e dinheiro para a construção do convento. Estando a mulher e as filhas de D. Lourenço da Silva a colocar num cofre o resgate exigido pelos infiéis, a filha mais nova exprime o desejo de que com parte desse dinheiro se fundasse, na Quinta da Piedade de Messejana, um convento para os frades recoleitos de Xabregas. Logo se ouviu o ruído de correntes a serem arrastadas. O cativo encontrava-se no meio do pátio da casa, tendo o mesmo relatado que dois religiosos lhe tinham aparecido e, como por milagre, sentira-se ser transportado para casa. Assim D. Lourenço da Silva resolveu fundar o referido convento. Outra lenda, relacionada com um sino do convento, de grandes dimensões, relata que este estava para ser transportado, numa armada de D. Sebastião, até África. Achando o rei que era grande demais, D. Lourenço da Silva ofereceu-lhe um que possuía na sua Quinta do Estoril, termo da Vila de Cascais. O monarca ofereceu-lhe, então, o primeiro sino, o qual apresentava as armas reais e uma inscrição "Eu EI Rey D. Sebastião com o sino" (…)

O Papa Pio V concedeu, em 1566, ao Convento de Nossa Senhora da Piedade, de Messejana, a Bula "Ineffabilia Gloriose", a qual concedia indulgências a quem visitasse a Igreja de mesmo orago, durante a festa da Anunciação, entre o meio-dia da véspera e a meia-noite daquele dia.

(…)

Em 1719 tem-se conhecimento de que o convento possuía um cárcere, pois para ele havia sido exilado, por razões não referidas, Fr. Francisco da Visitação, pelo tempo de dez anos, devendo permanecer em reclusão durante dois deles"

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando os de religiosas, sujeitos aos respectivos bispos, até à morte do último, data do encerramento definitivo. Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.

A venda do convento e cerca teve lugar após a Portaria do Ministério da fazenda, decretada a 31 de agosto de 1842, tendo sido arrematados por mil e duzentos reis e 405 reis respectivamente. Sabe-se que a Câmara Municipal dirigiu uma pedido ao Ministério da Fazenda com vista à utilização das pedras da igreja para a construção de uma nova casa da câmara, bem como do terreno da cerca para aí se fazer um cemitério. Tudo isto ficou assente na Portaria do Ministério da Fazenda de 7 de junho de 1841.
Geographic name
Messejana, (convento, Aljustrel, Beja, Portugal)
Custodial history
Em 1988, a documentação, que se encontrava na Direção de Finanças, Repartição da Tesouraria do Distrito de Beja foi incorporada no Arquivo Distrital de Beja.

A documentação foi sujeita a tratamento arquivístico, no início da década de 1990. O grupo de Arquivos Eclesiásticos encontrava-se dividido por cinco Grupos de Fundos. Cada um deles é composto pelos fundos conventuais, neles se incluem toda a documentação proveniente do respectivo cartório, aquando da sua extinção em 1834. O Grupo de fundos foi organizado por Ordens Religiosas e ordenados alfabeticamente.

No ano de 2012, no âmbito do regulamento do Concurso: “Recuperação, Tratamento e Organização de Acervos Documentais 2012”, promovido e patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o Arquivo Distrital de Beja, apresentou a candidatura: “Projeto – Ordens Monástico-Conventuais no Baixo – Alentejo, 1415-1911”, processo n.º 123075, tendo a mesma sido aprovada. Esta candidatura possibilitou a mais recente intervenção arquivística possibilitando a descrição e digitalização.
Acquisition information
Incorporação proveniente da Direção de Finanças, Repartição da Tesouraria do Distrito de Beja em 1988.
Scope and content
Livro dos religiosos defuntos; livro das sepulturas; livros das caridades; livros de contas e despesa; livro de inventário e livro das Patentes.
Arrangement
Organização em séries documentais correspondendo à tipologia formal dos actos.
Access restrictions
Comunicável, salvo os originais em mau estado de conservação.
Conditions governing use
Reprodução sujeita a restrições atendendo ao número, tipo de documento, estado de conservação e existência de cópia em formato digital. Sujeito à tabela emolumentar em vigor.
Language of the material
por (português)
Other finding aid
ARQUIVO DISTRITAL DE BEJA - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Beja: ADBJA, 2013- . Disponível no Sítio Web e no Portal português de Arquivos. Em actualização permanente.



INSTITUTO DOS ARQUIVOS NACIONAIS/TORRE DO TOMBO - "Ordens monástico-conventuais: inventário: Ordem de São Bento, Ordem do Carmo, Ordem dos Carmelitas Descalços, Ordem dos Frades Menores, Ordem da Conceição de Maria." Coord. José Mattoso, Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha. Lisboa: IAN/TT, 2002. XIX, 438 p. ISBN 972-8107-63-3.



Inventário artístico de Portugal : Distrito de Beja. Lisboa : Academia Nacional de Belas Artes, 1992. 2 vol : il ; 30 cm



Goes, Manuel Lourenço Casteleiro de, 1945- Beja : XX séculos de história de uma cidade / Casteleiro de Goes. - Beja : Câmara Municipal de Beja, 1999. - Vol. 2



Inventário dos cartórios recolhidos da Biblioteca Nacional, em 1912.





DIAS, MARIA DA GRAÇA, “Os Franciscanos de Messejana, pregadores do campo de Ourique”, Aljustrel : Vipasca N.º 8, 1999
Related material
Portugal, Arquivo Nacional Torre do Tombo.



Portugal, Arquivo Distrital de Beja, Direção de Finanças, Repartição da Tesouraria do Distrito de Beja.



Portugal, Biblioteca Nacional de Lisboa.



Portugal, Biblioteca Pública de Évora.
Creation date
14/09/2011 10:37:26
Last modification
23/01/2024 17:43:42